As previsões de ondulação que temos hoje em dia são o resultado do cruzamento de estudos científicos e modelos meteorológicos. Mas afinal, como é que nascem as ondas?
Para saber que tipo de condições vamos ter para o surf, é necessário perceber de que forma as ondas são criadas.
As vagas são fundamentalmente um produto do vento. É o primeiro passo da formação das ondas do mar.
A interacção do vento na superfície do oceano a longas distâncias das nossas costas produz algumas das melhores ondas do planeta.
Os ventos locais também podem produzir vagas mas, habitualmente, eles apenas destroem a qualidade das vagas que interessam aos surfistas.
A designada brisa marítima, ou vento onshore, são tipicamente conhecidos por criarem ondas agitadas e irregulares, uma vez que “empurram” o mar, tornado-as muito instáveis.
De certa forma, os ventos de terra, ou ventos offshore, comportam-se como uma espécie de contrabalanço.
A ondulação chega de distâncias longas, e este vento com origem em terra actua como uma espécie de efeito-pausa na parede da onda, empurrando-na na direcção contrária, e permitindo vagas mais longas e que quase não quebram.
Sistemas de Baixas Pressões: Boas Ondas Para o Surf
Em teoria, os sistemas de baixas pressões são responsáveis pela criação de ondas fortes e de qualidade.
Em sistemas de baixa pressão profundos, a velocidade do vento é maior e mais vagas são geradas pelo poder das rajadas.
O efeito de fricção criado por estes ventos ajuda na formação de ondas de energia que viajam milhares de quilómetros até que finalmente atingem obstáculos – habitualmente, zonas costeiras.
Se os ventos criados em sistemas de baixas pressões continuarem a soprar sobre a superfície do oceano por um longo período de tempo, as ondulações serão maiores porque se acumula energia do vento nas vagas geradas.
Igualmente, se ventos de baixas pressões afectarem uma vasta área do mar, as vagas produzidas por uma ondulação terão ainda mais energia e força, resultando em vagas muito grandes.
De Vagas do Mar Até Ondas de Surf: O Fundo do Mar e os Obstáculos à Ondulação
Já analisámos o “nascimento” de uma ondulação e as respectivas ondas. Mas há ainda um caminho longo que essas vagas têm que percorrer.
A ondas oceânicas iniciais podem ter que viajar muitos quilómetros até chegarem às nossas praias.
Pelo caminho, e até que sejam surfadas, estas vagas vão contactar com outras variáveis. A altura de uma onda quando é criada não é a altura da onda que é apanhada por um surfista quando quebra.
Quando rolam pelo oceano fora, as ondas são influenciadas por variações no fundo do mar.
Quando grandes volumes de água passam por cima de fundos mais altos, a energia global da ondulação altera-se.
No caso habitual, quando as ondas em deslocação que entram em contacto com plataformas continentais offshore encontram algum tipo de resistência, e quando essas vagas chegam a zonas de costa com pouca profundidade, a ondulação já terá perdido intensidade, energia e força.
Mas quando as vagas viajam sem obstáculos pela frente, através de zonas de águas profundas, elas tendem a atingir as praias com toda a força e poder.
E quando as ondas chegam a locais de baixa profundidade, elas desaceleram. O comprimento de onda reduz-se, e a crista da onda cresce, o que significa que o tamanho da onda também aumenta.
A batimetria estuda a profundidade do fundo mar e as suas alterações ao longo do tempo. O mapa batimétrico mede as zonas mais e menos profundas dos oceanos em todo o planeta.
É muito importante ter em conta a topografia do fundo do mar. Ela ajuda também capitães e pescadores de todo o mundo a evitar acidentes com navios e cruzeiros.
Os Bancos de Areia e o Aumento da Crista da Onda
Os bancos de areia estão sempre a mudar em praias de fundo de areia, ou beach break. É por isso que a qualidade das ondas nestes locais é tão inconstante e, por vezes, incerta.
Quando os fundos do mar perto da costa acumulam areia permitem a formação de picos muito definidos, a partir dos quais os surfistas podem apanhar ondas perfeitas.
Um banco de areia novo normalmente traduz um novo pico. Mas há outros obstáculos que pode influenciar o comportamento da ondulação – paredões, barcos afundados, e recifes naturais e artificiais.
Criadas pelo vento e influenciadas ao longo do caminho por alterações na topografia do fundo do mar, chuva, marés, agueiros, correntes e ventos locais, as ondas são um resultado complexo de uma incrível variedade de variáveis meteorológicas e geológicas.
Previsão de Surf: Factos Acerca do Vento e das Ondas
1. As ondas de período longo tendem a ser maiores e mais fortes;
2. As ondas de período curto são menores e têm menos energia;
3. O período da onda é o tempo entre as sucessivas cristas de onda;
4. A frequência da onda é o número de ondas que passam um ponto durante um período específico de tempo;
5. Ondas grandes movem-se rapidamente;
6. Ondas pequenas movem-se devagar;
7. Os sistemas de baixa pressão criam ondulações poderosas;
8. Os sistemas de baixa pressão estão associados a clima chuvoso e céu nebulado;
9. Os sistemas de alta pressão estão associados a clima quente e céu limpo;
10. As zonas de costa de águas profundas possuem ondas maiores;
11. Os tsunamis não podem ser surfados;